sábado, novembro 04, 2006

Opium

Eu sou o impuro
O Opium
O feio

Eu sou a conta não paga
O horario perdido
A noite virada

Sou o acidente de transito
O só mais um trago de álcool
Sou sexo sem amor
E amor sem sexo

Mas nada disso te importuna
De mim terias tu pena
Se de meus dramas eu fosse vítima

Mas sou também o sorriso
Os pés trocados em noites perdidas de madrugadas ganhas
Sou a prova de que teu tédio é comodismo
E tua infelicidade?
Incompetência

Limita-te ao comum
E corroes-te
De ver em mim
O não facasso
Refletido nos teus dias iguas

Chora a tua inveja tardia
Enquanto eu,
Atolada em dívidas
Ainda assim
Coleciono sucessos

Poema alarmista?
Autor anarquista?
Achas mesmo que tudo isso
Não passa de adoscencia embriagada?

Pois bem,
A mim me serve teu desdém,
Faço disso a minha certeza de que,
Pelo menos da medilcridade
Ainda ganho em larga vantagem

E então, do meu futuro?
Quando as minhas contas forem pagas
Meus sonhos realizados
Minhas palavras parafraseadas
Eu?

Eu manterei o mesmo sorriso que hora mantenho
Nutrido não mais do que pela possibilidade de realização
E se não se realizarem?
Ora que pena, começaremos do zero
Uma nova largada
De uma nova velha corrida
Por mim

E tu?
Mesmo que intimamente,
Ou nem tão intimamente assim,
Rias do meu fracasso,
Ainda assim rirei eu de ti,
De pena,
De que precises tu do meu fracasso
Para enfim fazer abrir
Um meio sorriso gélido
Em teus lábios frígidos

Agora, se eu, por acaso,
Sucesseder,
O que confesso acreditar com muita fé
Ai sim, acho melhor procurares um médico
Pois a mim parece não poder mais ser procrastinado
O tratamento à
Esta tal dor que tanto te importuna alma,
Onde a felicidade te escorregou pelos dedos
Deixando emperrado nas articulações cutuvelares
Nada mais do que inveja e auto-piedade.

Eu sou o impuro
O Opium
O feio

Mas quanto não darias tu,
Por uma parcela pequena
Da minha overdose de vida?

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