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segunda-feira, dezembro 28, 2009

Troca de E-mails #1: O homem com o jarro d'água

Uma vez me falaram que estava por vir uma nova era, que esta nova era traría um novo profeta, que estava escrito na Bíblia que Jesus tinha dito para procurarmos pelo "homem com o jarro d'água". Seria a era de Aquário fazendo-se ouvir.

Uma era de consciência coletiva, de amor ao próximo, de sociedade amonetárias. Muito difícil acreditar em tudo isso assim, logo de saída. Muito difícil acreditar em tudo isso quando não é mais 1960. Muito difícil acreditar em tudo isso sem Hendrix e sua guitarra. Sem Lennon e suas palavras.

Ou talvez não: fui ver Avatar. O filme mais caro já produzido pela indústria cinematográfica. Um breakthrough tecnológico, efeitos especiais fantástico, o filme em si é um gigante efeito especial. E o enrredo: Consciência Coletiva.

Então a gente começa pensar que talvez alguma coisa possa estar acontencendo.

Recebi um e-mail do outro lado do mundo. É de uma menina que foi minha colega quando estudamos cinema em Paris. É minha irmã. Brigaríamos pelo maior pedaço de bife na mesa, sem falsas etiquetas. É minha irmã.

Fazia tempo que não nos falavamos e ele encontrou um e-email que eu enviei a quase um ano atrás. E desse e-mail seguiu uma conversa.

Ah, ia quase esquecendo, ela é formada em Clássicos Gregos e Filosofia, com mestrado em Relações Diplomáticas e sua tese foi sobre O Potencial Econômico Africano. Hoje ele faz documentários na Africa. E ela é uma menina, e faz festas, e bebe, e dividiu uma casa comigo, e tomou sopa em taças de Champagne comigo. E ela é minha irmã.

Quando recebemos um e-mail de uma irmã falando coisas incríveis sobre raínhas africanas, então a certeza começa a aumentar, de que esteja vindo por aí UM HOMEM COM UM JARRO D'AGUA!

Segue a conversa.

* * *

Léria para mim:


I really loved what you said about no more cuts. One thing I have enjoyed about getting older is that even if you never get closer to understanding life or the reasons why things happen, you really learn to accpet and to mend. To discuss and to reparate, keep baonds going. Its as if we form solidarity through the difficulty of the realisation that no, we will never really undertsand how things wre and why, but were all in the same ocean of souls.

Sorry if I'm sounding insane. Im starting to think junglike with the collective subconscious, which i dont believe is so subconscious, I think were all becoming more conscious of colective connection as we grow through life. Well, not all of us!! but the ones who are feel that solidarity. Sorry im making no sense!

I have had a great 2009, the year is what you make it right? And i learned a lot from the documentaries and adverts we were making. Especially about relationships and who you fall in love with and how. Creating things together is what matters most I believe.

I shall send you some funny annecdotes of the docus and how weve really had it tough with filming in the jungle and not knowing whether your doing the right thing, whether this will ever work out, and then seeing that one shot that really makes you believe in what you are doing.

I met the most incredible woman, she is my mothers age, she is an african queen, was the 16th wife of a Bangante Chief in Cameroon, speaks Bangante fluently and is respected throughout The Country. She is a white french woman who just stayed faithful to herself, because she was never conditioned into any society. Even the bagante one, she never followed their rituals. But she just commands respect. Its worth a trip to Cameroon. And a lot of people make the trip just for her.

Anyhoo i have to go shower cos i stink, just had a mlassive work out; but please send some news of what your up to and how things are going.

much much love

L xxx


*   *   *



Mim para Léria: 




WOW. That's just WOW. 

No, you are not sounding insane. Maybe you're sounding like a Na'vi from the film Avatar, but not insane.

Maybe you are sounding just like me. That's what I believe in. I'll send you the link to a text I wrote last year thanking about a crazy guy I met on a bus trip in Florida.

We talked about a lot of stuff, some believable, some not, but he spoke about the man with the jar of water and how we are entering a new era of collective consciousness, and YES, MY AQUARIUS SISTER, WE ARE.

And we, more than most, I'm sure were born to live in this era and no other. Well, who is sounding insane now...

Well, I'm just happy to see that even so far away, we still manage to stay connected  in our feeling and beliefs. I want to meet this Queen. Oh Gosh, I'm blown away by your e-mail.

As for me, I believe to be going through my final stage to becoming an adult: which I'm finding very challenging and fun at the same time. Deep inside I feel just like a child playing "let's pretend", the only difference is that is a never ending game. I have been writing a lot, which is making me real happy and, very very recently, came back to painting, which is making me ULTRA happy, with a big sense of powerness (new word, just invented =D) and self-possibilities but, most of all, a great sense of gratitude for everything and everyone.

Maybe I too, am entering the era and changing my mind, too. And so I hope. For the year to end, my word was: EVOLUTION. And saying that to you makes me very happy. Somehow I feel that was one of your words too.

I love you and I miss you.

Much Much love,

B X X X X X X X  (BIIIIG ecxes for you!)









sexta-feira, outubro 16, 2009

Pneumotórax HiperEMOTIVO





Mais um texto que começo fazendo uso da lígua do "uma vez".






Uma vez eu era mergulhadora e aprendi sobre Pneumotórax Hipertensivo. Basicamente é o nome do ao diagnóstico médico dado para uma super-expansão de oxigênio dentro dos pulmões, que pode levar a uma série de complicações como super oxigenção do sangue, erupções cutaneas e, até mesmo, ao rompimento dos pulmões. Eu jamais entederia sobre Pneumotórax Hipertensivo não fosse pelo curso obrigatório para obtensão da licença de mergulhador amador que fiz em idos de mil novecentos e muito tempo atrás.No mergulho, Pneumotórax Hipertensivo é uma coisa séria e até comum, uma vez que, tendo trocado as guelras por orelhas a algum tempo atrás na escalada evolutiva nós, homens, precisamos fazer uso de cilíndros de ar comprimido para respirarmos embaixo das altas pressões aquáticas.

Tentando fugir de termos muito técnicos, de forma simplificada, é mais ou menos assim que  acontece: ao nível do mar, vivemos no que foi denominado1 ATM, é a medida de pressão atmosférica que consideramos "normal" para os seres humanos;  quanto mais fundo se vai em direção ao centro da Terra, mais o "peso" da atmosféra faz pressão sobre nossas cabeças, aumentando, assim, a pressão atmosférica. Por convenção, a cada 10 metros abaixo do nível do mar temos o acrescimo de 1 ATM, assim, um mergulhador que está a 30 metros de profundidade está sofrendo 3 vezes mais pressão atmosférica do que seu amigo que ficou no barco tomando banho de sol.

E o que isso tem a ver com Pneumotórax Hipertensivo?

Acontece que, se no topo do Everest é difícil respirar porque o ar é rarefeito, no fundo do mar acontece o oposto. Com o aumento da pressão, as particulas de oxigênio se aproximam, comprimindo o ar e fazendo com que ele tenha o mesmo "poder", mas ocupe menos espaço. Sabe amaciante de roupas concentrado? Pois é, estamos falando de ar concentrado. Segue a mesma lógica.

Ocorre que, a 4 ATMs, o ar está ocupando 1/4 do espaço que normalmente ocuparia, mas nossos pulmões continuam cheios, o que significa dizer que temos 4 vezes mais ar dentro deles do que o que caberia em condições normais. O que significa que "Imagina o que acoteceria se passassemos de uma situação de 4 ATM para 1 ATM de uma vez só, sem intervalos de descompressão". O que significa que cheguei onde queria chegar: intervalos de descompressão.

* * *

Uma vez me disseram que uma vez Vinícius de Moraes constumava dizer uma frase. Ele dizia que não gostava de andar de avião porque o corpo chegava muito rápido e não dava tempo da alma acompanhar.

É exatamente assim que me sinto. Um dia de manhã eu fazia uma tatuagem e sentia o cheiro da liberdade em um corredor de hotel e, no mesmo dia a noite, 4 estados mais ao sul, a atmosféra pesava 4 vezes mais em obrigações e responsabilidades.  Minha alma ainda flutua, mas meus pés já estão de novo calçados nos sapatos de chumbo do dia-a-dia.

Todo o tipo de viagem, sendo uma porta para outras realidades, deveria, mandatoriamente, incluir intervalos de descompressão da alma; para evitar quadros como o que me encontro agora: acho que estou sofrente de Pneumotórax Hiperemotivo. 


terça-feira, setembro 08, 2009

Artífices dos Próprios Desejos


Artífices dos Próprios Desejos






Vou começar esse texto falando na lígua de queridas amigas minhas. A língua do "uma vez".

Uma vez eu não acreditei que fosse póssivel sonhar com coisas e torná-las possíveis.

Por favor, não me entendam mal, sempre acreditei em realizar coisas audazes, por vezes impossíveis, a beirar o limite do bom senso. Mas aí está: realizar estas coisas impossíveis sempre aconteceu como que por acaso. Eu acredita muito na capacidade de realizar coisas, na capacidade do acaso de realizar coisas. Mas a minha sempre me pareceu meio desafortunada. Me parecia que era só sonhar para as coisas irem por terra.

Muda o assunto: uma vez tirei uma foto de uma bicicleta.

Faz tempo que não sou lá muito esportista, e mais tempo ainda que não presto muita atenção em bicicletas, deve ser fruto de uma infância mal-brincada... Mas uma vez tirei uma foto de uma bicicleta.

Eu estava em Portugal, logo no início da minha viagem e caminhava pelo Bairro Alto. Entre um sem fim de ruelas em aclive, passei por um lugar que me chamou muito a atenção. Tinha um Elvis em tamanho real com um violão a tira colo, logo na entrada. Ao lado, uma linda bicicleta roxa, que mais parecia uma moto. Tirei uma foto da bicicleta, meio que for impulso. Desejei a bicicleta, por poucos segundos. Depois de um tempo, esqueci a idéia. Mais tarde postei na internet a foto e a seguinte legenda: Roxa. Eu gosto de veículos europeus... E a minha história com aquela bicicleta roxa acabou por aí.

Muda o assunto: uma vez vi um filme e achei idiota.

O Segredo. Vocês já devem ter visto ou ouvido falar. O filme parece editado em Movie Maker, (pra não dizer power point) e reune o depoimentos de pessoas com profissões como "visonário" que dão formulas mágicas para se ser rico, lindo e feliz.

Depois dos 3 primeiros segundos ébrios onde acreditei que eu também poderia ser linda, rica e feliz, coloquei de volta o chão nos meus pés. Não que tudo isso não possa acontecer, mas não de forma tão patética e mágica.

O filme reúne alguns preceitos bem interessantes da cabala e joga tudo dentro de uma cartola preta, prometendo que qualquer um consegue tirar um coelho. Mas minha memória funciona de forma estranha e, embora eu tenha dificuldade pra lembrar que parte íntima da minha vida acabei de contar para uma quase estranho, consigo me lembrar perfeitamente de cenas de filmes que achei idiota. É esse o caso.

Lembro de uma cena em especial, um homem. Na minha memória ele era gordinho. Ficou milhonário, não lembro como, tirando esses tais coelhos da cartola, talvez. Contava feliz da vida como ele era rico e feliz e sua vida era completa e ensinava a técnica de como desejar as coisas e mentalizá-las e conseguí-las. Ele deu um exemplo em especial, disse que uma vez havia visto uma casa em uma revista, gostou da casa e desejou: quero essa casa. Parte da técnica para alcançar sonhos que ele ensiva consistia em tirar fotos ou escrever as coisas que queremos e guardar, logo, ele arrancou a página da revista e guardou a tal foto da casa. Tempos depois, já milhonário, ele construiu a casa de seus sonhos, quadras de tênis, todos os tipos de psicinas, saunas, cozinhas, escadas rolantes, cinemas, tudo como uma casa deve ser. No meio da mundança, encontrou uma velha caixa onde ele havia, a tempos atrás, guardados um quadro com imagens de coisas que ele desejava. Diz o tal senhor milhonário que ao olhar o quadro ficou abismado, tinha construído a mesma casa, "idêntica", a que estava presa do quadro.

Nessa hora eu pensei: ok, história pra boi dormir. E segui minha vida, minha história com essa cena do filme acabou por aí.

Muda o assunto: uma vez encasquetei que queria uma bicicleta.

Faz mais de ano. Vi um amigo com uma bicicleta que dobrava e pensei: quero uma dessas. Logo eu, que nunca fui muito esportista. E então, pronto, quis porque quis uma bicicleta. Fui até na loja mais cara da cidade olhar bicicletas e, pra minha desgraça, gostei logo da mais cara. Um modelo retrô, ou vintage, como queiram. Cheia de um monte de bibibis que nem me lembro, só lembro que era linda. Depois desse dia, pronto, quis porque quis uma bicicleta, e tinha que ter cara de "antigamente-na-frança", com cestinho e tudo.

Passou-se o tempo e o desejo da bicicleta ficou lá, adormecido. Não pensei muito mais em bicicletas, mas toda vez que via uma retrô, como a da minha professora de contos, pensava: quero uma bicicleta retrô.

A mais de um ano fui ao interior do estado e foi amor a primeira vista. Descobri que lá era o paraíso das bicicletas retrô. Desde então voltei lá algumas vezes, repetindo a cada ida que "eu queria comprar uma bicicleta". Passou de desejo a mito, a caricatura e até mesmo a desculpa para enrolar um aniversariante no dia da sua festa surpresa.

Final de semana passado eu voltei ao interior do estado e comprei uma bicicleta. Ela é exatamente como eu queria. É retrô, é pequena como eu, tem cesto pra carregar flores e todas as exigências estéticas que me cabiam. Passei o dia lambendo a minha bicicleta, se era pra ir até a esquina, eu fui de bicicleta.

Lá pelas tantas comecei a achar estranho o quão familiar aquela bicicleta me era. Era minha, ok , eu comprei, eu escolhi, mas era como se eu já tivesse visto em algum lugar. Até que, lá pelas tantas, me dei conta que eu já tinha visto ela em algum lugar. Tinha até fotografado uma, muito parecida. Há mais de 3 anos e um oceano de distância.

A bici de cima foi a que eu desejei em Portugal. A bici de baixo foi a que eu compre este final de semana...

... e eu que uma vez não acreditava em sonhar, em filmes idiotas e em bicicletas....

Um sonho vive no imaginário. Um desejo vive no futuro. Eu e a minha bicicleta: artífices do nosso próprio futuro.