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Foto: Bibiana Xausa Bosak / Barcelona, 2006
E esse beijo que tanto demora a acontecer, dá tempo pra pensar. A cidade, na primavera, floresce, é uma boa companhia para os solitários.
A espera faz pensar nos medos. Faz lembrar dos traumas. O café do teatro fornece encontros inesperados e o trabalho serve para que não falte assunto às conversas amenas. Os eventos da madrugada trazem certo desconforto: tantas pessoas desconhecidas, tantos universos sem interseções comuns.
Mas, o mais estranho é confrontar-se com versões antigas de si refletidas nos olhos de antigos amigos. Como explicar todas as atualizações? Como fazer entender que alguns bugs foram corrigidos e que outros tantos features já nem existem mais? Às vezes parece melhor começar tudo do zero.
Mas, então, vem a espera do beijo, a lembrança dos traumas e o medo dos recomeços. Bem, o medo não é bem dos recomeços, é mesmo dos refinais. Ah... mas como doem, como cansam, os refinais. E então é, de novo, tempo de atualizar a versão, corrigir os bugs, alterar os features.
É o início da primavera fazendo lembrar que renascer, exige, de certa forma, remorrer. Este é o ciclo perene das folhas caducas...
4 comentários:
Resposta de Clarissa:
" Ótimo texto,cada expressão tão bem escolhida,ora “folhas caducas”.....criativa nas palavras como poucos.
Mas..................
Precisamos tirar a palavra “medo”do nosso vocabulário.
E vero.
Figura-te!
Não vejo mais poesia nela,me entende???
Saudadeeeeeeeera,me espera...tô indo.
Bjos"
Resposta à Clarissa:
Amiga, não faça isso que o medo é necessário. Ele não pode é ser paralizante, mas serve pra nos fazer pensar, ele é bom, foi-me bom, nesse caso do texto, necessário e calmante. Figura-te!
Vem vem vem! Pula que eu te seguro! hahahahah
Bjos
Resposta de Gaspar:
Hà que saber deixar a mesa quando o amor jà foi servido sem demonstrar nossa tristeza, se retirando sem ruÍdo.
Hà que saber calar a dor sob a màscara da vida, e esquecer a despedida.
No ódio do fim do amor, hà que saber ficar parado vendo que a morte principia.
Hà que manter a mente fria.
Hà que saber, mas eu inda nâo sei.
O medo.
O medo tem de existir quando te faz crescer.
Ou seja, pra desfrutar do medo tem que ter, no fundo, coragem.
Entender que os outros mudam é mais fácil que fazer entender que tu também mudou.
E como tu vai manter as amizades que te conhecem por X quando o teu X ta cada vez mais longe e teu Y cada vez mais brilhante?
A correção de bugs pode até assustar os outros.
Os novos features podem não agradar.
E aí vem o refino social.
E aí vem a sensação, que dependendo do nosso momento é bem corriqueira, de se sentir sozinho em uma sala cheia.
E que a busca pela compatibilidade seja nosso eterno caminho, seja interno ou externo.
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