***
De um lado a doença
A dívida
O choro
De outro
O lírico
O lúdico
Os monstros reais do imaginário
Que abismo é esse que me separa de mim?
Envolta no veludo da noite
Nua, vestida de lágrimas
Meus braços doem
Por tentar segurar as paredes em queda
Disto que chamam vida
Não é da minha natureza a melancolia
Não sei ser triste.
O choro se transforma em angústia
E fuga.
Que acolhedores e macios
Me parecem, daqui
Os monstros do imaginário
Sonho com a copa das árvores
E uma onda a beira mar
Pela qual eu possa deixar-me tragar
Como são duras as pedras,
Disto que chamam realidade.
Esforço-me para não acordar-te do sonho
Me afasto
Para que esse grito não te desperte
Corro
Para tentar lançar fora
Essa pedra que carrego no peito
O verso abandona a poesia
Em metamorfose
De pura auto-ajuda
Doutora,
Me tiraram todos os meus remédios pra ansiedade.
Como são duras as pedras,
Disto que chamam realidade.
Não tenho o menor talento para realidade.
Estou farta de semi-deuses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário