A última nota azul do meu Jazz
Última noite no Cairo.
Um barco. No Nilo.
Música árabe tocando ao fundo. De leve.
O vento no meu cabelo. De leve.
A água negra do Nilo. De um quente negro, e leve.
Mais uma vez, pela última vez, a ar quente da noite da arábia.
O sentimento de conforto é tão grande , como se o calor do ar e a cor e o barulho da água envolvessem o corpo em um casulo de sensações agradáveis.
Encosto a minha cabeça no casco e, estando na popa, consigo ouvir o barulho do ferro quando as peças do barco se movem na água. Soa como Jazz. Fecho a porta para qualquer outro mundo que não seja o meu neste momento e me concentro no meu Jazz náutico e no meu Nilo aveludado.
As luzes na margem são prateadas, mas o reflexo na água é dourado.
Entro o sax.
O vento é a bateria, dando o ritmo não em sons, mas em sensações e, leve e macio como o Nilo, num piscar de olhos todas as sensações se misturam, tudo converge em jazz, na noite quente do Egito e eu já não preciso mais fechar meus olhos para sonhar.
Bibiana Xausa Bosak – Cairo – Set/2006
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