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A inspiração é um espírito curioso, vem nos mais aleatórios momentos e não dá, assim, muita explicação.
Alguns tem a sorte de inspirações constantes, outros, engatilhada por algum elemento.
Há inspirações de todas as sortes.
A mim, inspira muito lavar o carro.
Não sei por que, deve ser algo sobre a espera pela vez, entrar naquele retangulo escuro com com grandes vassouras que giram sobre o carro, não sei, mas a mim, lavar o carro inspira-me à poesia.
Como sucedeu-se hoje. Segue aqui o resultado:
BONECAS DE JANEIRO
A maquiagem torna mais evidente o rosto da boneca.
São as marcas da pintura,
Disfarçando os vincos da vida.
As maças, pessego,
Trazem-lhe uma certa leveza
Quase juvenil.
A boneca de cera sorri.
Mais um dia de verão.
Vaidade e inocência
Pregam
Que o calor desumano de Janeiro
Não lhe derreta sua cera
E suas cores.
Mesmo as bonecas
Sofrem de calor.
O vento levanta as pregas da saia
Colorindo as buchechas
E deixando mais rubro o dia dos malandros
na praça da cidade.
Em um dia de Janeiro.
Bibiana Xausa Bosak, 12 de Janeiro de 2010
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