* * *
Foto: Bibiana Xausa Bosak / Barcelona, 2006
E esse beijo que tanto demora a acontecer, dá tempo pra pensar. A cidade, na primavera, floresce, é uma boa companhia para os solitários.
A espera faz pensar nos medos. Faz lembrar dos traumas. O café do teatro fornece encontros inesperados e o trabalho serve para que não falte assunto às conversas amenas. Os eventos da madrugada trazem certo desconforto: tantas pessoas desconhecidas, tantos universos sem interseções comuns.
Mas, o mais estranho é confrontar-se com versões antigas de si refletidas nos olhos de antigos amigos. Como explicar todas as atualizações? Como fazer entender que alguns bugs foram corrigidos e que outros tantos features já nem existem mais? Às vezes parece melhor começar tudo do zero.
Mas, então, vem a espera do beijo, a lembrança dos traumas e o medo dos recomeços. Bem, o medo não é bem dos recomeços, é mesmo dos refinais. Ah... mas como doem, como cansam, os refinais. E então é, de novo, tempo de atualizar a versão, corrigir os bugs, alterar os features.
É o início da primavera fazendo lembrar que renascer, exige, de certa forma, remorrer. Este é o ciclo perene das folhas caducas...