segunda-feira, outubro 19, 2009

Poema a Pequenas Mortes




É  tanta vida
É tanto sonho
Que me explode o peito
E a vontade que dá
É de virar letra
Errada e errante
E viver de pequenas mortes
Em livros de poesia.


Um amigo em um bar me disse:
Sabes como é orgasmo em fracês?
Petite-Mort.
E o que é a vida

Se não viver de pequenas mortes?



Já dizia o poeta
"Todos os poemas são o mesmo poema.
Todos os tragos são o mesmo trago.
Não é de uma vez que se morre..."


E não é.
Se morre a cada instante
E, a cada instante
Se explode novamente em vida.
Como fênix incandescente
A vida é o exercício do acender de flamas
E do apagar
De chamas.
E viver como letra errante
Morrendo a cada instante
Num virar de páginas.


Um pequeno morrer a cada estante.
Um grande viver
A cada nova sílaba entrante.
O prazer constante do afogar-se
E pela força soberana da onda,
Tragar-se.


Já que todos os poemas são o mesmo poema
E todos os tragos são o mesmo trago
Graças aos deuses!
Não é de uma vez que se morre.
"Todas as horas são horas extremas"





(Une petite mort pour vous tous les jours, Outubro, 19, dois mil e nove)




Um comentário:

Rogério Abreu disse...

Lindooooooooo... algo antológico total!
Refletindo nessas maravilhosas frases suas. Toda vez que deito para dormir vem um pensamento insolente... mais um dia que morro! Sonhando e no mundo da fantasia, morro a cada instante. Não que esta morte seja de todo ruim. Algo como fênix!
Beijo