segunda-feira, dezembro 14, 2009

Despedidas

Anda-me falando o corpo, pois sim. 
Ora me cegam os olhos. 
Ora me doem as pernas. 

Ora, criança, acordes!
Deixa dessa história de sofrer sonhando.

Hoje tive a melhor sessão de terapia que jamais tive.
Entre tantas coisas que me disse e que já não me lembro,
me disse o médico:
"A coisa mais difícil de um tratamento é conseguir
que o paciente se despeça da doença"

Ora, MULHER, acordes! 

Deixa a criança,
solitária e fúnebre, 
que se vá. 
Deixa-a viver só com sua solidão,
e vais viver tu o que é teu de direito.

Não te esquece nunca do dia de hoje,
do amigo que te desejou cuidado, 
das pessoas que por ti oraram 
e desejaram a deus clareza para que conseguisses ver o caminho.
Não te esquece nunca do olhar do teu médico 
e da imagem da criança negra que carregas contigo.

Deixa a criança.
Abandona teus fantásmas. 
Vive tua plenitude adulta.

Mulher, livra-te do peso que tanto te faz doer as pernas. 
Lembra-te sempre deste dia e da sensação súbita de ter mais espaço nos pulmões.
Lembra-te sempre do riso que te veio, sem hora e sem razão, e vai viver tua vida.

Permite-te brilhar como só tu sabes que és capaz
e também, somente tu é capaz de impedir

Sabes que sentes que és um tanto bem maior. 
Ora, seja!

 

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