quarta-feira, janeiro 06, 2010

Quando estamos batidos


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Começa aqui mais um texto na “língua do uma vez”.

Acabo de voltar da tabacaria, sai de uma consulta médica e me calhou passar por ali.
Sentei na rua, estava quente e abafado. Sentaram ao meu lado duas senhoras muito simpáticas e, com as duas mesas disponíveis ocupadas, uma menina vestidas com roupas meio hippies pediu licença para sentar à minha mesa.

Começamos a conversar, seu nome é Fernanda, ela é psicóloga mas há tempos não atua. Está aqui passando férias, acabou de voltar de uma missão de proteção a civis no Siri Lanka, onde trabalhou durante 1 ano.

Falamos sobre como encontros casuais as vezes definem nossas vidas mais do que imaginamos e me contou como ela largou tudo para o alto e foi fazer um curso na Romênia, onde conheceu um americano que é o amor da sua vida.

Ela me perguntou se eu conhecia algum professor de espanhol, pois seus planos são ir para a Argentina, tem um curso que ela quer muito fazer, mas está com medo de chegar lá direto para o curso e não entender a língua. Ao me contar isso, eu perguntei porque ela não ia antes, já que não estava fazendo nada aqui mesmo, e isso me lembrou de uma velha história que vi uma vez e me marcou muito:
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Uma vez eu ainda veraneava em um hotel muito simpático em Xangri-lá. O hotel tinha um ótimo corpo de recreacionistas, os quais eu adorava.

Uma vez eu olhava enquanto uma das recreacionistas jogava Canastra com um hóspede. Enquanto jogavam, chegou um outro recreacionista e falou que ela precisava sair, que estava sendo chamada. Ela, interessada no jogo, falou que já estava indo. Foi assim que aconteceu ou, pelo menos, é assim que me lembro.

O outro recreacionista pô-se a olhar para o jogo dela e, apontando para algumas cartas e mudando-as de posição disse:

Tu está batida. 

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Fernanda já está batida, ela pode ir para Argentina quando quiser e apenas não tinha se dado conta disso.

E quantos de nós não estamos batidos sem nem perceber??

Às vezes estamos tão atentos às canastras, ao adversário, aos jogos jogados, que não nos damos conta que estamos batidos e nem percebemos.

É preciso estarmos atentos. E, vez por outra, ajuda bastante sentar em um café e deixar que um amigo nos mostre o nosso próprio jogo.... Boa sorte, Fernanda. Boa sorte, jogadores.


Bibiana Xausa Bosak, Porto Alegre, 06 de Janeiro, 2010

Um comentário:

Unknown disse...

Blefe