segunda-feira, janeiro 04, 2010

Trânsitos Internos

* * *

Porto Alegre me olha com chuva outra vez: combina bem com os meus sentimentos.

Cheguei de viagem hoje. Desse vez, vim de ônibus. Foi bom, deu tempo de a minha alma chegar também. Ela chegou até antes, acho que foi a ansiedade de saber que havia transito e que a viagem demoraria mais que quatro horas. Minha alma tinha se preparado para quatro horas de transito, não seis. Não sei.

Olhando assim, para o reflexo dourado das luzes na rua, Porto Alegre se parece com qualquer cidade do mundo. Nova Iorque, Paris, são todas iguais neste sentido. São cidades.

Em cada janela de cada prédio um universo. Cada luz que se apaga a noite é uma alma que vai dormir: algumas contentas, outras tristes, outras preocupadas. As ansiosas permanecem acesas, almas que atravessam a sala de um lado para o outro esperando que nalguma das idas até a cozinha algo diferente aconteça que as traga calma, um copo d’água que lhes devolva a alma.

Este é o grande segredo de se ganhar o mundo. Ser um viajante é aperceber-se da humanidade em cada luz que se enche, cada copo que se acende. Encontrar o que há de comum à todas as luzes nos reflexos dourados das ruas do mundo e evitar engarrafamentos nos trânsitos intensos de sentimentos das madrugadas.




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