sexta-feira, janeiro 27, 2006

Sob os lençois

Entregava-se sobre o lençol o corpo despido de mulher.
Protegia-lhe a pele apenas o toque suave das cobertas.

Entre cobertas, encobria o fato de que revelava-se nua e,
Sua nudez, tão livre, fazia do corpo contradição com a mente.

Sua mente se encontrava entre panos.
Redemoinhos multicoloridos faziam do pensamento tormenta,
Dando a sensação de se estar preso no vento.

Milhoes de pensamentos. ou se deve dizer sentimentos,
Passando, ficando, voltando.
Entrelaçando-se, enrredando-se.

Talvez em algum canto de uma cidade qualquer,
Parte da sua alma se encontra se agora sentada em um bar,
Sozinha,
Degustando a vida em um copo de conhaque.
Esta parte revelava a liberdade do pedaço de pano que acabou por escorregar do redemoinho.

Os outros panos continuavam a debater-se.
Horas havia em amores distintos de tal maneira se enredavam, que parecia impossivel Distigui-los a separado.

Panos marcados de raiva a todo o momento teimavam em voltar.

Fato era: Nem a paixão nem a raiva faziam dela livre, nua sob as cobertas.

A única coisa a fazê-la voar era a perspectiva daquele conhaque,
em um lugar qualquer,
numa rua de Lisboa.

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