terça-feira, fevereiro 14, 2006

Delicado

Cai uma chuva pequena lá fora
Quase pensei em ligar
Ouço uma palavra repetidas vezes

Suave

Se me olhasse suave
Se me tocasse suave
Talvez me mantivesse, suave

Em um toque assim tão delicado
Mantém-se um amor

Em pequenos deslizes

Um olhar
As costas da mão
Um abraço
E se mantém um amor

Se mantém um amor
Com um gesto tremido
Com um sorriso inseguro
Mantém-se um amor

Passa assim tão rápido
Se janta
Se dorme
Se ama
Se vive

Mas se sente:
Só em pequenos deslizes

Olha-se delicado um amor
E se tem a certeza
De qualquer coisa que seja

Convém à vezes uma surpresa,
Suave.

Não que com isso se diga
Que pra se ser suave de monotonia se viva

A monotonia não tem nada de delicado
É dura, é direta
Não conhece força de um olhar encantado

Mas, convém às vezes uma surpresa.

Mesmo que em cama ardente se encontre,
Achar quem se esconde,
Atrás do prazer vivente.

E se fazer sentir,
Não em pele.
Não em carne.

Olhar.

Com um ato. Suave.

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