quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Em diferença

Tudo está sob controle.
É tudo certo e incapaz de se constituir em ameça.

Se mantém assim o ser até o momento em que alguém se levanta e diz:

"Amanhã tenho que levantar cedo, melhor eu ir embora."

Está frase diz muito mais do que isso, diz:

"Eu não me importo mais em estar aqui. Se eu for embora agora, não vai me fazer diferença."

E então o outro lado percebe.
Sai-se da segurança.
E se verifica: Eu não faço diferença. Não estou em diferença a nada. Estou sim em indiferença.

E, então, tudo se move.
O que era reprimido se faz visível,
O desejo contido e a superioridade se fazem destruídos.
E, como em último ato de desespero,
Se lançam ações para que se reverta,
Para que se seja sentido em diferença.

"Então tá. Nos falamos amanhã"
"Tchau, vou sentir saudades"
"Um beijo, te amo"

Tudo dito para que
em tentativas inconsientes
Não nos tornemos indiferentes para ela
Ali na nossa frente,
Provando, em sua indiferença, nossa insignificancia.

Nenhuma ligação que se faça
ou palavra que se diga,
provaca mais movimento
do que o fato de não ligar quando se é esperado.
De não falar quando lhe querem ouvir.

A indiferença sim, é o real motor do mundo.

Nós, ifames,
Viis,
Em tentativas patéticas e ensurdecedoras,
Dizemos: Eu!
Esperando tão ingenuamente,
Que digam nossos nomes,
Sem que precisemos, para isso,
Berrar.
Mesmo que em nosso clamor,
não emitamos se quer,
um ruido desfinado e inaldível.

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