quarta-feira, janeiro 27, 2010

Linhas Retas para Fernando

***

De um lado a doença
A dívida
O choro

De outro
O lírico
O lúdico
Os monstros reais do imaginário

Que abismo é esse que me separa de mim?

Envolta no veludo da noite
Nua, vestida de lágrimas
Meus braços doem
Por tentar segurar as paredes em queda
Disto que chamam vida

Não é da minha natureza a melancolia
Não sei ser triste.
O choro se transforma em angústia
E fuga.

Que acolhedores e macios
Me parecem, daqui
Os monstros do imaginário

Sonho com a copa das árvores
E uma onda a beira mar
Pela qual eu possa deixar-me tragar

Como são duras as pedras,
Disto que chamam realidade.

Esforço-me para não acordar-te do sonho
Me afasto
Para que esse grito não te desperte
Corro
Para tentar lançar fora
Essa pedra que carrego no peito

O verso abandona a poesia
Em metamorfose
De pura auto-ajuda

Doutora,
Me tiraram todos os meus remédios pra ansiedade.
Como são duras as pedras,
Disto que chamam realidade.

Não tenho o menor talento para realidade.
Estou farta de semi-deuses.

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